terça-feira, 12 de julho de 2011

Messi e o orgulho nacional

Cristiano Pavini - Córdoba

A torcida gritando o nome de Messi após o segundo gol da Argentina (que não foi marcado pelo camisa 10, mas pelo atacante Agüero), e os efusivos aplausos que o meio campista recebia a cada jogada de efeito (nem que fosse um mero passe bem sucedido), selaram as pazes entre os torcedores e o jogador do Barcelona.

Messi jogou bem contra a Costa Rica e deixou o gramado sob fortes aplausos
(Foto: organização Copa América 2011)
Que os argentinos idolatram Messi, não há dúvidas. Há quatro meses na Argentina, a equipe da Rádio Unesp Virtual dispôs de tempo suficiente para verificar o tamanho dessa paixão.

Grande parte do país tem o Barcelona como segunda equipe no coração (alguns até a colocam à frente das equipes nacionais), e quase todos os jogos da equipe catalã são transmitidos. A cada jogada de “La Pulga”, uma exclamação de gênio paira no ar. Alguns gols normais (nenhum craque balança sempre as redes com uma obra prima) são retratados como verdadeiros golazos pela imprensa. E assim os argentinos estufam o peito pelo jogador.

O amor por Messi é também uma necessidade irracional de voltar ao patamar do protagonismo mundial. No início do século XX a Argentina era um dos principais produtores de grãos e carnes do mundo. A perspectiva a longo prazo, pensava-se, era de que o país figurasse sempre como potência.

A história real, no entanto, traçou destinos diferentes. Diversas crises políticas internas (a democracia no país, até a década de 80, foi exceção e não regra, com dezenas de golpes e ditaduras) e o colapso econômico de 2001 (que derrubou 5 presidentes em 2 semanas) proporcionaram ao país um papel diferente do esperado.

O futebol do país também não empolgou nas últimas décadas. Os argentinos estão em abstinência de uma Copa do Mundo há 25 anos, e as duas chances de conquistar a Copa América (a última conquista foi em 1993) foram esbarradas pelo Brasil.

Assim, Messi representa uma espécie de retomada dos tempos áureos da Argentina (em conjunto com o crescimento econômico iniciado a partir de 2003). Seu status de melhor do mundo confere aos argentinos um orgulho que estava esvaecido há tempos.

Os aplausos durante o jogo de ontem e a liberação dos gritos (até então contidos) exaltando o camisa dez são a representação máxima de que a conquista dessa Copa América não é apenas mais um título na repleta prateleira argentina, mas sim o ressurgimento do orgulho nacional.

É por isso que, ao receber o prêmio por ser o melhor jogador da partida contra Costa Rica, Messi foi assediado por praticamente todos os repórteres presentes na sala de Imprensa, que se exaltaram na tentativa da melhor foto (ou ao menos na conquista de uma aproximação) do grande ídolo.
Messi recebe prêmio e agradece carinho dos torcedores (Foto: Cristiano Pavini)

Veja abaixo o vídeo do momento da entrega do prêmio (e o nervosismo da repórter da Rádio Unesp Virtual, Daniela Penha, com os colegas entrando em sua frente):


Verdade seja dita:

A Rádio Unesp Virtual acompanhou de dentro do estádio Mário Kempes o desempenho de Messi. O camisa dez não teve uma atuação espetacular como as de costume no Barcelona, mas demonstrou o suficiente para encantar a todos.

O que mais chama a atenção é sua capacidade para ficar livre de marcação. Convenhamos que a jovem equipe da Costa Rica não pode ser considerada parâmetro, mas a movimentação de Messi para fugir dos marcadores é sensacional.

Quando está “preso” entre os defensores, Messi abaixa a cabeça e reduz a velocidade, parecendo caminhar displicentemente. Anda devagar de um lado para o outro, mas sempre atento à bola. Ao ficar livre, chama o jogo e opera mágicas. Não conseguiu realizar muitos dribles de efeito, mas seus passes de primeira – e principalmente os em profundidade – decidiram o jogo.

Messi até que sofreu forte marcação durante o jogo (Foto: Cristiano Pavini)


No entanto, por diversos momentos ficou livre no gramado (Foto: Cristiano Pavini)

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