quinta-feira, 28 de julho de 2011

Adiós, Argentina

Cristiano Pavini – Jaú (Brasil)

Após vinte e quatro dias, cinco cidades, mais de 48 horas acumuladas de viagem em ônibus, seis quilos à menos (no caso deste repórter) e presença em sete jogos e quatro estádios, a equipe da Rádio Unesp Virtual despediu-se nesta terça-feira da Copa América 2011.

 No dia seguinte à conquista do título pelo Uruguai, nossa equipe de reportagem já tentava impor um mínimo de organização aos mais de 80 quilos de bagagem (acumuladas em nossa estadia de cinco meses na Argentina) e aguardava ansiosa pelo retorno ao feijão com arroz.

Um vôo cancelado, 220 dólares pagos pelo excesso de peso nas malas e diversas queixas à empresa responsável pelo nosso vôo (cujo profissionalismo impede que revelemos o nome - iniciado por T, finalizado por M e com a interligação realizada pela primeira letra do alfabeto), retornamos ao Brasil na tarde de ontem.

Nosso desembarque em solo tupiniquim, entretanto, não encerra as atividades desse blog. Mais de três mil fotos e vídeos (totalizando 15 gigabytes) e centenas de histórias, armazenadas nos computadores e blocos de notas de nossos repórteres, serão selecionadas e postadas diariamente.

Dentre esses arquivos, um é especial: a filmagem do qüinquagésimo quarto e último gol da Copa América 2011:



Nos próximos dias contaremos os bastidores da cobertura da Rádio Unesp Virtual na competição, desde a travessia das montanhas andinas ao lado de trinta mil chilenos (quando inauguramos oficialmente esse blog) até à conquista do ingresso para a decisiva final da Copa América (quando um de nossos repórteres estava barrado faltando menos de duas horas para os últimos 90 minutos do último jogo).

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Em solo argentino, quem comemora são os uruguaios

Cristiano Pavini - Buenos Aires

A praça do Obelisco, um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires, tornou-se reduto uruguaio ontem após a conquista da Copa América pela seleção celeste. Mais de dois mil torcedores compareceram com suas tradicionais bandeiras, instrumentos de som, muita animação e igual (senão maior) dose de cerveja.

Festa uruguaia agregou torcedores de todas as nacionalidades, menos argentinos e paraguaios
(Foto: Cristiano Pavini)

Obelisco, tradicional palco de comemorações argentinas, encheu-se de azul celeste (Foto: Daniela Penha)

Além de uruguaios,estavam também presentes brasileiros, colombianos, peruanos, venezuelanos e chilenos. A principal ausência (além, é claro, dos paraguaios), eram os argentinos.Pouquíssimos deles foram prestigiar a festa uruguaia.

O mesmo já havia acontecido durante o jogo. Em meio as centenas de bandeiras presentes no estádio, não havia sequer uma da argentina.

A Rádio Unesp Virtual filmou boa parte da comemoração uruguaia, mas devido a problemas de conexão com a internet ainda não foi possível disponibilizar o vídeo.

Atualização - 27/07


domingo, 24 de julho de 2011

Exclusivo: Monumental pouco após o término da partida

Cristiano Pavini -  Monumental (Buenos Aires)

A equipe da Rádio Unesp Virtual conseguiu entrar dentro do gramado do Estádio Monumental poucos minutos após a consagraçao do Uruguai como campeao da Copa América 2011:



Em breve colocaremos mais vídeos, fotos e nossas impresoes do jogo final.

A taça é para quem torce

Daniela Penha - Estádio Monumental (Buenos Aires)

Uma final se faz saber e valer pela movimentação nos portões do estádio. Os torcedores vestem suas camisas, agarram suas bandeiras, pintam a cara e saem em luta pela pátria que - pelo menos durante as 24 horas que antecedem "el grand finale", os 90 minutos do esperado embate e as 24 horas posteriores - se resume a um grupo de 11 homens e sua meta de honrar a camisa nacional fazendo a bola chegar dentro das traves: uma, duas, quantas vezes a habilidade de jogador permitir. É o fim e, como todo fim, representa a soma de esforços e a etapa mais próxima da taça.

Uma batalha pacífica: apenas para um dos dois combatentes as 24 horas posteriores serão de euforia absoluta. Ainda assim, pelo menos durante as 24 horas que antecedem a partida, os torcedores comemoram e fazem questao de mostrar ao mundo o quanto estao orgulhosos. Os dois lados, nesse momento de pré, se consideram campeões. Talvez, no fim do jogo, quando nao haja mais parcimônia e a necessidade de dar o título a uma das partes se faça constante (porque todo jogo deve ter um ganhador) algumas lágrimas caiam. Porém, diferente das lágrimas dos times desclassificados antes de chegarem às quartas, essas não são de decepção. Representam a vontade reprimida de chegar ao topo. Porém, em momento algum, tiram dessa tal pátria o mérito te ter chegado aqui. Tão perto.

Nos portões do estádio Monumental do River Plate é isso que se vê e se sente por agora. Uma multidão de paraguaios e uruguaios gritam para quem quiser ouvir: Estamos na final! Tem gente paraguaia que viajou 20 horas de ônibus para acompanhar o time. Tem gente uruguaia que veio de ferry-boat aproveitando a - boa, nesse caso - proximidade geográfica. Tem quem já vive na Argentina há muito tempo. Tem quem se mudou por agora. Tem aqueles que estao desde o comeco da Copa - e para eles é ainda mais extasiante ver que o percurso foi exatamente o esperado. Tem quem veio para a semi e ficou.Tem gente de outros países que, na ausência de um time seu, pegou um pouquinho do outro emprestado e também vestiu a camisa. Tem de tudo um pouco. E em tudo se vê animação e muita vontade de torcer.

Os uruguais se caracterizam pelo "soy celeste" que invade e toma conta dos espaços onde chegam. Basta que um comece a cantar para que todos os outros entrem no canto e, de repente, um coral está pulando, batucando e afirmando, sem cansar, que são da cor do céu. E nesse cântico entram todos. Crianças de todas as idades cantam, cada uma com a suas possibilidades, o hino da torcida uruguaia. Aqueles que de tão pequenos nao sabem cantar, dançam e pulam, para sentirem-se também parte da torcida.

Na torcida paraguaia, os cantos se misturam aos gritos de guerra, aos chapéus de todas as cores e formas e aos muitos rostos pintados. Novamente, todo mundo entra na tinta. Chicos e grandes. Nenas e ninos. A idéia e uniformizar a torcida em uma só voz e apenas três cores: azul (nada celeste), vermelho e branco.

O mais bonito de se ver, no entanto, são os momentos em que os uruguaios e paraguaios se juntam. Se  misturam e, em pequenos gestos, dizem ao outro que a rivalidade é coisa dos gramados e "no mas". Vimos paraguaios pedindo fotos com uruguaios e vice-versa. Vimos um uruguaio chiquito segurando uma bexiga vermelha sem se preocupar com o amanhã. "Eu não ligo não. Minha bexiga é bonita".

(Foto: Cristiano Pavini)

(Foto: Daniela Penha)

Foto: Daniela Penha

Foto: Daniela Penha

Foto: Cristiano Pavini

Foto: Daniela Penha



Foto: Cristiano Pavini


Vídeo: portão de entrada do Monumental

Cristiano Pavini - Estádio Monumental (Buenos Aires)

A batalha pela conquista da Copa América começa muito além do gramado. Há menos de duas horas do início da decisiva partida, milhares de torcedores uruguaios e paraguaios se amontoavam nos portões de entrada em busca do melhor lugar dentro do estádio. Enquanto a bola não rolava dentro do gramado, a competição era para ver qual torcida promovia o melhor espetáculo:

Jornalista esportivo adora uma pelada

Cristiano Pavini - La Plata

Faltavam cinco minutos para o final do primeiro tempo entre Peru e Venezuela quando um tumulto começou a se formar no setor de imprensa do Estádio Único em La Plata. Diversos jornalistas levantaram de suas cadeiras e deram as costas ao gramado, negligenciando completamente a disputa pelo terceiro lugar da Copa América. Alguns profissionais mais entusiasmados saíram de seus assentos e foram ao encontro de algo muito mais interessante do que vinte dois marmanjos correndo atrás de uma bola: a miss universo venezuelana.

Inicialmente a equipe da Rádio Unesp Virtual não compreendeu o que se passava. Perguntamos a uma das voluntárias presentes: "É uma dessas mulheres só que querem aparecer. E esse bando de jornalistas idiotas ficam enlouquecidos", respondeu ela em tom de deboche.

Quando o assunto é mulher, jornalistas esquecem a neutralidade (Foto: Cristiano Pavini)
A garota, vestida com uma fantasia e uma espécie de cocar na cabeça, começou a descer as escadas do setor de imprensa e foi rodeada por jornalistas. Em vez de perguntas, fotos: quase todos queriam um registro ao lado da "musa" (que, convenhamos, nem era tão bonita assim).

Um dos mais empolgados vestia uma camisa do Peru e fazia questão de ser fotografado ao lado da beldade. Perguntamos para ele quem era a mulher merecedora de tanto esforço para uma foto: "Não faço a mínima idéia", respondeu.

Posteriormente, descobrimos que seu nome era Vianca Dugarte. Segundo sua página na internet, ela destina sua vida a "percorrer a Venezuela e o mundo para divulgar as belezas de seu país, através de seus dotes de guerreira, deusa e virgem, transmitindo uma mensagem de paz, fé e reconciliação" (!!!).

A equipe da Rádio Unesp Virtual tentou aproximar-se dela (na realidade, este repórter aspirava a uma foto, mas sua colega de profissão - e namorada - barrou a expectativa).

Cartazes distribuídos por Vianca eram mais disputados pelos jornalistas do que uma entrevista com Messi
(Foto: Cristiano Pavini)
Sua presença no estádio não durou muito tempo: antes de iniciar o segundo tempo, ela já não estava mais presente entre os jornalistas. A brevidade, entretanto, foi suficiente para que ela rapidamente ganhasse destaque em portais de internet de todo mundo. Esse aumento instantâneo de popularidade talvez a ajude na árdua tarefa de desfilar pela paz mundial com pouquíssima roupa.

OBS: Na página do jornal peruano Depor.pe há um vídeo com a tietagem.

sábado, 23 de julho de 2011

Já do lado de dentro

Daniela Penha - Estádio Unico, La Plata

Enquanto nos portões do Unico o clima é de muita tranquilidade, do lado de dentro da "cancha" os torcedores mostram para que vieram. Apesar de não lotarem estádio - a platéia está quase vazia e o maior número de pessoas se concentra nas zonas populares - tanto os peruanos quanto os venezuelanos não se calaram um só minuto.

Assim como no jogo anterior contra o Uruguai, os peruanos marcam presença com suas muitas buzinas que em nenhum momento pararam de sonar. Também como no jogo anterior, os peruanos se concentram quase totalmente nas zonas populares, o que deixa a impressão de que a torcida se organizou para estar toda no mesmo lugar. 

Os venezuelanos, apesar de não terem instrumentos tão marcantes quanto as estridentes buzinas peruanas, marcam presença cantando, gritando e levantando muitas e diversas bandeiras. Há até uma faixa dizendo: "Fuerza Chaves" (o presidente venezuelano está internado em Cuba devido a um câncer).

Cada lance do jogo parece definitivo. As torcidas mostram, de fato, que estão orgulhosas e que, sobretudo, vieram apoiar suas seleções. 

Do lado de fora, Peru e Venezuela nao empolgam a torcida

Daniela Penha - Estádio Único (La Plata)

O clima nos portões do estádio Único, em La Plata, é de incômoda tranquilidade. Toda a euforia que os peruanos distribuíram no jogo contra o Uruguai se foi junto com a possibilidade de alcançar o título de campeões da Copa América, após 36 anos de abstinência. Apesar de dizerem-se muito orgulhosos com a classificação de sua equipe, (que dificilmente chegava aos quatro primeiros colocados na competição), os peruanos que marcam presença por aqui, até agora, são poucos e de contida empolgação.

Bryan Castillo, peruano que há um ano e meio vive em Buenos Aires, mostra essa timidez ao chutar um placar para hoje: “Esperamos ganhar nem que seja de um a zero. Sabemos que a Venezuela vem com uma equipe forte”. Da mesma maneira, mostra todo o seu orgulho: “Meus amigos do Peru estão todos muito contentes. Ninguém esperava tão boa classificação”.

O mesmo orgulho é demonstrado pela peruana Mariella Tulliano, que chegou ontem à Buenos Aires só para assistir ao jogo de hoje. “Todos os peruanos fariam o mesmo se pudessem”. Ela e o namorado são menos modestos e apostam no dois a zero.

Mas o pouco número de torcedores e a contida empolgação não são características só dos peruanos. Os venezuelanos também estão em tão pouco número – se não estiverem em menos. A diferença, no entanto, é que demonstram segurança e, com pretensão, apostam alto: “O jogo vai ser três a zero e vai ser tranquilo. Com a equipe jogando bem”, garante Antônio Arnez. Há cinco anos vivendo em Buenos Aires, prestigiou o primeiro jogo de sua equipe e quis finalizar o campeonato no estádio.

E a Venezuela ainda tem privilégios. Carlos Obrigon e Karine Gaitán sao bolivianos e chegaram a Buenos Aires ontem. Já haviam comprado os ingressos para a final há alguns meses e, apesar de decepcionados, não deixaram de torcer: “Queríamos ver Brasil e Colômbia ou Argentina e Colômbia. Como não deu, viemos torcer para Venezuela e para o Uruguai”. No corpo, no entanto, levam as cores das suas bandeiras, para deixar claro de onde vem e de para quem, de fato, é a real torcida.

Da sala de imprensa a tranquilidade passa longe. Muitos jornalistas vieram acompanhar a reta final do campeonato. A disputa por computadores e cafés – que no começo da Copa tinha aos montes e agora é artigo de luxo – é grande e dá uma idéia de que como será o clima de amanha.

Quem também comparece em peso é a polícia, que antes camuflada em meio a multidao, agora ganha destaque em meio às ruas vazias. 



Os colombianos Carlos Obrigon e Karine Gaitán escolheram torcer pela Venezuela

Maycon Morales, Sandra Valderama e Liz Marquina vieram do Peru para ganhar

Apenas uma hora para o início da partida, as ruas do Estádio Unico estao vazias e tranquilas

Os venezuelanos Antônio Arnez, Victor Bolívar e Lígia Martinez apostam no três a zero

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quem tem ingresso?

Daniela Penha - Buenos Aires

Antes acompanhar suas equipes na disputa pelo título de campeão da Copa America 2011, os torcedores paraguaios e uruguaios estão enfrentando outro e tão importante desafio: conseguir entradas para a partida final. Os dois países reclamam da insuficiência de ingressos repassados a seus hinchas que, igualmente insatisfeitos, buscam soluções para o problema. Alguns procuram entradas pela internet, outros apelaram para os muitos cambistas que repassam ingressos na rua Florida e em algumas agências de turismo de Buenos Aires e outros protestam pelas ruas da Capital Federal.

As associações paraguaia e uruguaia de futebol estão imensamente descontentas com a quantidade de ingressos repassados aos seus países para o jogo final, que será realizado nesse domingo, no estádio Monumental de River Plate, em Buenos Aires. A AUF (Associación Uruguaya de Fútbol) alega que a AFA (Asociación de Fútbol Argentina) teria repassado apenas 5.861 ingressos ao Uruguai. Para formalizar seu descontentamento, o presidente da AUF, Sebastián Bauzá, denunciou a Conmebol a revenda das entradas para a final da Copa que, apesar de ilegal, se faz a toda força na Argentina. Conforme noticiou o jornal uruguaio El Pais, o presidente está inconformado com a falta de organização do comitê da competição e também da AFA e disse que a fiscalização contra a revenda está ineficiente.

Jornal El Pais, Uruguai
No site oficial da Copa América, a empresa responsável pela venda das entradas, Ticketek S. A., afirma que 7.500 entradas foram repassadas à AUF: "le remitimos a la Asociación Uruguaya de Fútbol 7.500 entradas". No mesmo site, no entanto, consta o comprovante dos ingressos retirados por Bauzá em Buenos Aires, com detalhamento de preços, cadeiras e quantidade: exatamente 5.861.

Para os torcedores, a situação é duplamente crítica. Além de correrem o risco de ficarem sem as entradas, terão um grande prejuízo. Os jornais uruguaios afirmam que milhares de torcedores já estavam com reservas feitas em hotéis e passagens compradas.

Na manha dessa sexta, uma única esperança fez com que o micro-estádio do clube argentino Juniors, no bairro Paternal, ficasse lotado de torcedores paraguaios e uruguaios que souberam que mais 4 mil ingressos seriam colocados à venda, ao preço de 80 pesos argentinos (aproximadamente 145 reais). O número, no entanto, continuou insuficiente. Com a grande procura, em menos de 3 horas todos os ingressos já haviam se esgotado.

Jornal Ultimas Noticias - Paraguai

Em sinal de protesto, cerca de 200 torcedores paraguaios saíram às ruas e bloquearam uma das principais vias de Buenos Aires, a Figueroa Alcorta, que passa em frente ao estádio Monumental. A notícia está nos principais jornais do Paraguai.

Jornal La Nación - Paraguai

Até a imprensa vai ficar de fora
A Rádio Unesp Virtual participa do bloco dos descontentes. Desde às 8 e meia da manha estamos esperando respostas da comissão organizadora sobre os nossos ingressos para a final. Somos acompanhados por mais uma porção de jornalistas de todo lugar do mundo que também não tiveram lugar na lista da imprensa, em grande parte, por falta de organização da comissão no momento de contabilizar os cadastros.

Pela manha, sem muita vontade de nos atender, os organizadores disseram que não haveria nem mesmo lista de espera e que “poderíamos desistir”. Cá permanecemos, fazendo jus a fama de não desistir nunca, e, depois do almoço, talvez um pouco mais contentes, o comitê nos deixou mais esperançosos com a notícia de que pode sair uma lista às 17h30, mas que, certamente, somente um de nossos repórteres conseguirá as entradas. Esperamos que após o café da tarde eles nos dêem mais certezas e quem sabe dois ingressos.

Jornal El Pais - Uruguai

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ingressos para final custam até 15 vezes o preço original

Cristiano Pavini - La Plata

Apesar da tão esperada final entre Brasil e Argentina não ter se concretizado, a grande procura por ingressos para o decisivo jogo entre Uruguai e Paraguai nesse domingo inflacionou absurdamente o preço das entradas. Algumas estão sendo vendidas por até 1,5 mil pesos (válidas para as cadeiras populares, que originalmente custavam 80 pesos). Realizando a conversão para reais, cada uma pode sair por até R$ 650,00.

Entradas para o setor popular, que originalmente estavam 80 pesos, são revendidas por até 1,5 mil pesos
Percorrendo na tarde de hoje a Calle Florida, principal rua comercial de Buenos Aires, a equipe da Rádio Unesp Virtual encontrou diversos vendedores ambulantes com cartazes oferecendo entradas para a final. Nos passamos por turistas e demonstramos interesse pelos ticketes. Fomos conduzidos para uma agência de turismo, localizada dentro da Galería del Caminante (uma das centenas presentes na rua).

Conversamos com a funcionária responsável (por motivos óbvios, ocultaremos o nome), que nos garantiu haver apenas duas entradas disponíveis para a final, cada uma por mil pesos. Perguntamos se não haveria como conseguir mais ticketes para alguns amigos (nosso hipotético grupo era formado por mais cinco pessoas).

"Posso tentar ligar para o responsável pelos ingressos, mas já aviso que quanto maior a procura, maior o valor", afirmou.

Poucas quadras depois, encontramos outros vendedores com ofertas de ingressos. Fingimos o mesmo interesse e fomos conduzidos a outra agência dentro de uma galeria. Havia, segundo o funcionário, dez entradas disponíveis. "Ontem estávamos vendendo por 1,2 mil pesos, mas devido à procura hoje subimos para mil e quinhentos".  Perguntamos se poderíamos comprar amanhã. "É muito provável que não tenha mais ingressos. Se tiver, sairá mais caro".

Jogo de sábado
Enquanto isso, a disputa pelo terceiro lugar entre Perú e Venezuela neste sábado provavelmente terá diversas cadeiras vazias. O site oficial da venda de ingressos ainda conta com muitos lugares disponíveis (com os preços originais, sem passar pela superinflação promovida pelos cambistas):

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Peruanos e uruguaios: diferentes na torcida, iguais na paixão

Cristiano Pavini - Buenos Aires

Quando se trata de animação da torcida, o jogo de ontem entre Uruguai e Peru pela semi-final da Copa América foi o mais empolgante. Faltando poucos minutos para o início da partida, as ruas de La Plata estavam totalmente congestionadas. Centenas de carros e ônibus - trazendo milhares de torcedores desesperados para entrar no estádio antes da bolar começar a rolar - engarrafaram o trânsito.

Faltando vinte minutos para o início do jogo, centenas de torcedores aguardam para entrar no Estádio (Foto: Cristiano Pavini)
A imprensa também teve dificuldades para chegar no horário. A equipe da Rádio Unesp Virtual, por exemplo, entrou no Estádio Único faltando apenas vinte minutos para o início da partida (atraso colaborado, vale ressaltar, pelo incrível senso de desorientação do motorista de nosso ônibus e pela má vontade dos funcionários da portaria).

Dentro do estádio, uma surpresa: esperávamos uma forte predominância do azul celeste nas arquibancadas, devido à proximidade de Montevideo a Buenos Aires (apenas uma hora de viagem através do ferry Buque Bus) e à esperança dos torcedores com a qualidade do time.

De fato, muitos uruguaios se fizeram presentes no Estádio Único. Entretanto, o que chamou atenção foi a avalanche vermelha e branca dos peruanos, que apoiaram massivamente a fraca seleção do Peru frente à poderosa equipe comandada por Forlán e Suarez.

Os torcedores peruanos incentivaram a equipe por todo o jogo. Qualquer uma das escassas "jogadas um pouco mais elaboradas" do time foram aplaudidas de pé. Mesmo a expulsão do meiocampista Vargas (após cotovelada criminosa no zagueiro uruguaio Coates), quando a equipe já perdia por um a zero, recebeu aplausos.  Destaca-se, também, o som de diversas e intermináveis bozinas (que foram comparadas por alguns jornalistas às vuvuzelas da torcida sul-africana).

Os peruanos Gérson, Ludeñoz e Frank afirma que estarão também na disputa pelo terceiro lugar (Foto: Cristiano Pavini)
Terminada a partida, dezenas de torcedores se amontoaram nas grades de segurança no espaço reservado ao ônibus dos jogadores na esperança de um autógrafo, que na maioria das vezes foi atendido:

Ao final da partida, histeria da torcida peruana em busca de um autógrafo (Foto: Cristiano Pavini)
Uma curiosidade dos torcedores peruanos é a resistência em fornecer o nome completo para os repórteres. Muitos deles estão ilegais na Argentina (Buenos Aires é um dos destinos preferenciais na busca por emprego), e não querem se comprometer com a polícia.

Uruguai
A torcida uruguaia pode não apoiar o time durante todos os 90 minutos, mas os momentos em que isso ocorre arrepiam a qualquer um. Cinco minutos de silêncio são rapidamente quebrados pelo tradicional canto "Soy celeste... soy celeste... celeste, soy yo", cujos trinta segundos de duração são suficientes para ficar na memória por toda a vida.

Entretanto, o que mais chama a atenção na torcida uruguaia são as bandeiras. Praticamente metade dos torcedores trás consigo o sagrado manto celeste, na maioria das vezes amarrado no pescoço e usado como capa. De diferentes tamanhos e cores, são a marca registrada dos torcedores uruguaios:

Torcedores uruguaios e suas fieis bandeiras celestes (Foto: Cristiano Pavini)

Uruguaios Jorge, Santine, Mat e George: cada um trás sua bandeira, nem que seja da equipe local (Peñarol)
Foto: Cristiano Pavini
"As bandeiras são um costume nacional. Estão sempre presentes em nosso campeonato local, mas principalmente nos jogos da seleção", afirma Donato Rivas, dirigente da Associación Uruguaya de Fútbol.

Em relação aos torcedores uruguaios, chama a atenção o modo como saem do vestiário após a partida: todos de terno negro, camisa branca e gravata azul celestre, com gola e nó impecáveis:

Chique: jogadores uruguaios saem do vestiário em traje de gala (Foto: Cristiano Pavini)
O Uruguai disputará a final da Copa América no domingo. Já o Peru entra em campo no sábado para a definição do terceiro colocado. Ambos aguardam a partida de hoje entre Paraguai e Venezuela para a definição de seus adversários

terça-feira, 19 de julho de 2011

Torcida peruana invade La Plata

Cristiano Pavini - Estádio Único (La Plata)

Contrariando todas as expectativas, a torcida peruana compareceu em peso ao Estádio Único em La Plata e deixou os uruguaios em minoria. Esperava-se que um azul celeste preenchese as arquibancadas, dada a proximidade do país (menos de uma hora de barco) e às esperanças de seus torcedores com as estrelas de sua equipe (Forlán, Suaréz e Lugano). Entretanto, é um intenso vermelho e branco quem faz barulho por aqui, cantando e bozinando sem parar.

Peruanos surpreendem e são maioria em La Plata (Foto: Cristiano Pavini)
Como relatado anteontem pela Rádio Unesp Virtual, muitos peruanos vivem na Argentina, principalmente em Buenos Aires, por terem melhores chances de emprego. A Calle Florida, uma das principais ruas comerciais da cidade, está sempre cheia imigrantes peruanos, muitos deles com trabalho informal.

Abaixo, um vídeo feito cinco minutos antes da partida. Áudio e imagem estão igualmente péssimos, mas ajudam a compreender um pouco do clima aqui no Estádio de La PLata:

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Seleção cai e leva junto a pauta

Cristiano Pavini - Buenos Aires

Não são apenas jogadores e torcedores brasileiros que voltam cedo para casa após a precoce eliminação da seleção brasileira neste domingo. Centenas de jornalistas brasileiros, que haviam se programado para permanecer na Argentina até as fases finais da competição (na pior das hipóteses, para a disputa do terceiro lugar), estão arrumando as malas para voltar ao Brasil.

“Realizamos um planejamento para ficar até o término da Copa. Agora, muito provavelmente vamos voltar para casa nos próximos dias e assistir à final da competição de folga em casa”, afirma Marcel Rizzo, do portal IG, que inclusive já havia comprado as passagens de ida para Mendoza (onde o Brasil jogaria a semi-final se conseguisse a classificação).

As primeiras horas após a eliminação da seleção são as mais complicadas. “Ficamos como cachorro perdido quando cai do caminhão de mudança, esperando a ligação do chefe para decidir nosso destino”, resume Chico Maia (jornal mineiro O Tempo) com a experiência de quem já cobriu sete Copas do Mundo. Ele antecipou seu retorno, inicialmente agendado para o dia 26 de julho, para depois de amanhã.

Chico Maia vai aproveitar a folga desta terça-feira para visitar o Uruguai (Foto: Cristiano Pavini)
Mas nem todos querem retornar ao arroz com feijão brasileiro tão cedo. Thales Machado, correspondendo do portal SambaFoot, quer continuar em solo portenho até o final da competição.  “Meu chefe já me mandou uma mensagem dizendo boa viagem de volta, mas vou fazer o possível para assistir a final aqui na Argentina”.

Com viagem programada para Mendoza, a equipe da Rádio Unesp Virtual também foi obrigada a mudar seus planos. Apesar de não ter comprado passagem ou reservado hotel, ao menos um de nossos repórteres acompanharia a provável semi final brasileira na província dos vinhos.

Vale ressaltar que, além de sermos a única rádio universitária brasileira credenciada na Copa América, ostentamos também o não tão nobre título de veículo com menos recursos financeiros da competição.  Assim, os quase R$ 400,00 economizados (somente com passagens de ônibus de ida e volta para um dos repórteres) foram muito bem vindos na conta corrente (devidamente negativa) de nossos correspondentes.

Apesar das dificuldades financeiras, a Rádio Unesp Virtual continua na Argentina até dia 26 de julho, com presença garantida na final da competição.

Entrevista com Thales Machado:
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Entrevista com Chico Maia:
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Entrevista com Marcel Rizzo:
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Após eliminação, jogadores lamentam derrota com imprensa

Filmagem: Daniela Penha - Estádio Único (La Plata)
Texto e edição de vídeos: Cristiano Pavini

Novamente a repórter da Rádio Unesp Virtual conseguiu um espaço na tumultuada Zona Mista, e conversou com os jogadores da seleção brasileira após a sofrida eliminação precoce da Copa América.

O lateral esquerdo André Santos (quer errou a terceira cobrança de penalidades do Brasil) colocou a culpa no péssimo gramado do Estádio Único e afirmou que, se cobrasse dez outras penalidades, nenhuma outra seria tão mal sucedida:



O meio campista Elano, que inaugurou as trágicas cobranças de penaltis do Brasil, era um dos jogadores mais abalados com a eliminação:



Robinho (que teve uma de suas melhores apresentações com a camisa amarela no últimos anos) também estava abalado, mas ressaltou a necessidade da seleção "seguir em frente":


Já o lateral esquerdo Maicon (que conquistou a posição de titular na equipe durante a competição) não demonstrou muito abatimento, e afirmou que as "derrotas amadurecem a seleção":

"Não era o dia", lamenta Mano

Cristiano Pavini - La Plata

Em conferência de imprensa logo após o término da partida contra o Paraguai, Mano Menezes afirmou que não faltou vontade para que o Brasil vencesse o jogo. Ressaltando a evolução de sua equipe ao longo da Copa América, ele lamentou que "no futebol apenas se valorize o vencedor".

Sempre impassível, ele não demonstrou sinais de abatimento ou nervosismo. Quando provocado por uma jornalista equatoriana, que perguntou se no futebol o amor à camisa é mais determinante que uma equipe cheia de estrelas a nível mundial (em referência à equipe paraguaia e brasileira, respectivamente), Mano defendeu seus jogadores: "Futebol não é só vontade, é composto também por fundamentos, técnica. Nenhuma equipe entra no jogo para não vencer". E ressaltou: "Não faltou vontade hoje".

Apesar disso, Mano deixou no ar a possibilidade de realizar mudanças futuras em sua equipe ao ser questionado sobre a escassez do gols. "Tenho certeza de que eles (jogadores) vão continuar a fazer gols em seus clubes, e muitos deles na seleção", dando a entender que nem todos vão continuar na equipe.

Abaixo a íntegra da conferência:

domingo, 17 de julho de 2011

Larissa Riquelme confirma: vai posar nua no Maracanã

Cristiano Pavini - La Plata

Os torcedores brasileiros têm ao menos um motivo para se contentarem com a derrota do Brasil na noite de hoje: a paraguaia Larissa Riquelme havia prometido realizar um ensaio nua no Maracanã caso sua seleção avançasse para a semi-final da Copa América. E, se depender dela, a promessa será cumprida.

Logo após o término do jogo de hoje, Larissa foi assediada por diversos profissionais de imprensa e fãs em sua tentativa de deixar o estádio. Em meio a confusão, o repórter da Rádio Unesp Virtual conseguiu a confirmação: ela realmente será fotografada sem roupa no estádio mais conhecido do Brasil:



Obs: Larissa Riquelme, vista pessoalmente, é realmente espetacular

Brasil fora

A equipe da Rádio Unesp Virtual está indo, nesse momento, para a coletiva de imprensa realizada após a partida. Depois das duas horas de viagem de La Plata a Buenos Aires, atualizaremos o blog.

Brasil comparece ao estádio: competição dentro e fora do gramado

Daniela Penha - Estádio Unico, La Plata

O Brasil finalmente comparece e no estádio Único Ciudad de La Plata o clima é de total competição, que já começou fora do gramado. Dos portões às arquibancadas, brasileiros e paraguaios, que comparecem quase na mesma proporção, inovam nos gritos e cânticos. Tem até brasileiro cantando em castellano para “dar o recado bem dado”. Essa aparição da torcida canarinho trouxe alívio. Após três jogos de maioria adversária, a equipe da Rádio Unesp Virtual já estava se perguntando o que haveria se passado com animação sem igual do nosso Brasil. 

Brasileiros de todas as idades e Estados chegaram cedo à La Plata (Foto: Cristiano Pavini)
Por fora
As ruas de fora do estádio de La Plata começaram a lotar três horas antes do partido decisivo. Os torcedores iam chegando de ônibus, de carro, vans, de todo lado. Tem gente que só chegou à Buenos Aires hoje pela manhã, como é o caso do paraguaio Saul Trinidad, que esteve em Córdoba para o primeiro jogo entre Brasil e sua equipe, voltou para o Paraguai e, animado com a classificação da sua equipe, retornou hoje pela manhã à La Plata. Nas duas idas e vindas ele esteve acompanhado de um grupo de amigos e pelas portas do estádio fez mais alguns que, “mira que bueno”, não são paraguaios.

É que o Paraguaio ganhou aliados. Além dos argentinos, que teimam em rivalizar o Brasil a todo custo, pelos portões do estádio podemos encontrar um bom tanto de equatorianos - que “por vingança” vieram ajudar a torcida paraguaia.
Equatorianos e paraguaios se juntaram na torcida contra o Brasil (Foto: Cristiano Pavini)
Mas os brasileiros não se deixam levar por complôs, inveja ou mal-olhado. De latinha na mão - inovando o comércio de cevada da Argentina, que é quase todo por garrafas - eles se unem e movimentam a entrada no estádio com criatividade.

Verde-amarelo e latinha na mão: uniforme brasileiro (Foto: Cristiano Pavini)
O Zé Bonitinho marcou presença novamente e foi acompanhado pelo Paulinho Marreco, com sua teimosa tentativa de convencer o Mano a montar uma granja completa. Também estão presentes brasileiros de todo lado. Um  grupo de paulistas – alguns da capital e outros do interior – estavam confusos quanto ao placar de hoje, porém souberam entrar em um consenso: “A gente ganha. Isso é fato”.

Zé Bonitinho arriscou 2x1 para o Brasil (Foto: Cristiano Pavini)
Paulinho Marreco, do Disney Chanel, insiste em ser convocado por Mano (Foto: Cristiano Pavini)
Abaixo, vídeo do corredor para o portão de entrada do estádio:



Por dentro
Do lado de dentro, as arquibancadas do estádio, que tem capacidade para 37 mil pessoas, estão quase lotadas. O hino nacional das duas equipes acabou de ser entoado e a torcida mostra que veio para apoiar. Não param de pular e gritar, ansiosas para o início da partida.

No aniversário do Maracanazo, Uruguai elimina Argentina

Cristiano Pavini - Buenos Aires

Um constrangedor silêncio pairou sobre a praça San Martín após a última cobrança de pênalti da seleção Uruguai.  Os mais de dois mil torcedores ali presentes olhavam atônicos o telão gigante instalado para os jogos da competição, que exibia o fim da esperança argentina de quebrar um jejum de 18 anos e levantar em casa a taça da Copa América.

Algumas horas antes havia o barulho de uma torcida contagiante. Milhares de torcedores chegavam de todas as partes da cidade para apoiar, mesmo que a quase 500 Km de distância do Estádio Colón em Santa Fé, a seleção argentina em seus mais severo desafio da competição.

Telão gigante instalado no centro da Plaza San Martin (Foto: Cristiano Pavini)
Não havia barreira social que separasse os gritos de incentivo. Moradores de rua, casais de jovens, trabalhadores recém saídos da jornada, senhores e senhoras formavam uma organizada massa de aplausos, cujo objetivo único era empurrar a Argentina para a semi-final.

Tudo parecia encaminhar para esse destino ao fim do primeiro tempo. A tela gigante exibia o definitivo reencontro de Messi com seu mágico futebol, em conjunto com uma seleção que finalmente demonstrava toda sua força. Eram contados os minutos para que o Uruguai, com um jogador a menos, não agüentasse mais a pressão e levasse o gol da virada.

Não havia diferença entre os presentes: todos eram torcedores argentinos (Foto: Cristiano Pavini)
Apenas duas coisas pareciam incomodar os torcedores na praça. Uma delas – e mais incômoda, na minha opinião - eram os comentários de Freddy Rincón durante a partida. O ex-corinthiano é um dos comentaristas oficiais da transmissão do Youtube (pela qual estava conectada a telona), e realizava alguns apartes realmente indigestos.

O outro motivo de incômodo era uma torcedora do Uruguai, que insistia em ostentar orgulhosa a bandeira de seu país – mesmo sob olhares fulminantes de raiva dos argentinos mais fanáticos.

Auto intitulada “Ana do Uruguai”, ela afirmou não ter medo de sofrer agressões caso seu país vença. “Vivo na Argentina há trinta anos, essa é minha segunda casa”, ressaltando em seguida que mesmo assim é uruguaia até a morte. Provocativa por natureza, assim que soube que a equipe da Rádio Unesp Virtual era brasileira, relembrou os 61 anos do Maracanazo (para quem não sabe, a maior tragédia da história do seleção canarinho).

"Ana do Uruguai" se arriscou com sua bandeira (Foto: Cristiano Pavini)
Perguntamos pelo seu jogador uruguaio predileto: a habilidade de Forlán ou a garra de Lugano? Nenhum dos dois. O escolhido foi o atacante Luis Suárez (que ficou mundialmente conhecido ao salvar, com as mãos, um gol de Gana no último minuto das quartas-de-final da Copa do Mundo do ano passado). “Ele é o símbolo da raça e força de vontade de nosso país”, garantiu.

Tamanha força ficou evidente no segundo tempo de jogo. O Uruguai conseguiu resistir às investidas da seleção argentina e manteve o empate por mais 75 minutos (45 do tempo normal, acrescidos dos 30 da prorrogação).  Na disputa dos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Fernando Muslera, que agarrou a cobrança de Carlitos Tevez e pôs fim ao sonho argentino.

O silêncio que pairou sobre a praça San Martín somente foi quebrado pelo som de uma garrafa se chocando contra a parede e muitos gritos. Um torcedor argentino, irritado com a derrota, atacou Ana e os outros pouquíssimos uruguaios – menos de dez – presentes no local. Iniciou-se um empurra-empurra, e a equipe da Rádio Unesp Virtual foi obrigada a sair do lugar. A raiva, entretanto, não contagiou a grande maioria dos torcedores argentinos: a decepção que prevalecia era um sentimento que não seria substituído por nenhum outro tão cedo.

Abaixo, vídeo realizado no momento da eliminação argentina. Os torcedores uruguaios exibidos comemorando seriam atacados poucos segundos depois

Buenos Aires também é festa: os donos são peruanos

Daniela Penha - Buenos Aires

A rua Florida, uma das principais de Buenos Aires, é um dos maiores pontos comercias da cidade. O “calçadão” portenho, cortado por lojas e galerias de todo o tipo, também é o local de trabalho dos vendedores ambulantes que expõem sua diversidade em mercadorias – roupas, sapatos, artesanatos, brinquedos – pelo chão, fazendo uma fila que, assim como os pontos oficiais, segue por toda a rua. 

Com uma só mirada, fica claro que a maioria desses comerciantes informais não são argentinos. Bolivianos, uruguaios, peruanos, colombianos: a Florida é a “calle” dos latino-americanos. Hoje, quem passou pelo local das 16h às 19h pôde, além de ter essa certeza, presenciar um espetáculo. Desses espetáculos que na metade da Copa América concluí que só acontecem no e pelo futebol.

Nesse horário, o Peru fazia um belo jogo eliminatório contra a Colômbia. A equipe da Rádio Unesp Virtual caminhava pelo calçadão em direção a praça San Martin onde, mais tarde, seria transmitido o jogo que eliminaria a Argentina do campeonato. A animação dos peruanos, no entanto, contagiou e fez com que a caminhada demorasse muito mais do que o usual. 

Sentados perto de suas mercadorias, para não perder o movimento espantoso que tem o calçadão no sábado à tarde, os peruanos arrumavam maneiras de escutar o jogo. Alguns dividiam um fone de ouvido em dois ou três. Rádios de pilha, celular, tudo era modo de captação. Todo bar, restaurante ou “kiosko” com televisão virava centro de informações. Um ficava por lá assistindo e ia gritando para os outros o que estava se passando. Uma comoção completa. 

Paramos para escutar o jogo com eles. Acabava de ser cobrado um pênalti e a movimentação era grande. Nenhum dos peruanos queria parar de ouvir para falar com a gente, não sabemos bem se por timidez ou pelo jogo. Dois homens escutavam em um fone de ouvidos e uma mulher, ao lado deles, repassava as informações à outra pessoa por celular. Com os ânimos mais acalmados, nos contaram um pouquinho de si. 

Os dois homens, um tanto receosos, não quiseram passar os nomes completos. Um disse se chamar Alfredo e o outro John. Alfredo, que está há 7 anos na Argentina, disse ser grato ao país, guardando-o em segundo lugar no seu coração: “Meu coração é metade peruano e metade argentino. A Argentina abriu uma porta para mim e eu a agradeço. Mesmo assim, em uma  final eu torceria pelo Peru”.

Opinião compartilhada pela mulher ao lado, Gladys Cortez. Ela vive há 20 anos por aqui, é casada com um argentino e tem um filho metade-metade, porém em uma decisão não deixa o seu país: “O meu coração é dividido, mas a Argentina vem em segundo”. Falava, porém mantendo-se atenta ao minutos finais do jogo.

Seguimos caminhando e a movimentação não parava. Agora, o Peru acabava de fazer o segundo gol.  Jorge Coveñas, que está na Argentina há 17 anos, trazia no peito a camiseta peruana e não parava de pular e cantar.  “Eu torço pela Argentina, mas antes vem o Peru. É gol! É gol”. 

A rua já chegava ao fim, e a alegria peruana continuava a aparecer. Vendedores de buzinas as tocavam em comemoração. Alguns se abraçavam e outros deixam os clientes de lado para pular e cantar um pouco. Era a festa do patriotismo. Do sentir-se em casa, comemorando algo que é realmente seu. 

Eu, há longos 5 meses fora de casa, que nada são perto das dezenas de anos que contabilizam alguns peruanos longe das suas, senti vontade de comemorar também. Senti mais vontade ainda de ver o Brasil ganhando esses jogos que vem pela frente. Senti uma vontade muito grande de convocar os brasileiros/argentinos e gritar gol. E, mais ainda, senti vontade de voltar para casa e comemorar, de fato, o Brasil que eu tenho por lá.

Alfredo fez  todas as suas vendas de sábado usando fone de ouvido (Foto: Daniela Penha)

Gladys Cortez: Marido argentino, filho metade-metade, coração peruano (Daniela Penha)

Jorge Coveñas vende uniformes da Argentina, mas hoje usou Peru (Foto: Daniela Penha)

sábado, 16 de julho de 2011

Argentina aguarda jogo do tudo ou nada

Daniela Penha e Cristiano Pavini  - Buenos Aires

A Argentina despertou ansiosa. Nas capas dos principais jornais do país as manchetes esportivas alimentam a aflição do torcedor: “Argentina a todo o nada” ou “No hay mas lugar para los dos” deixam claro o teor decisivo do jogo de hoje, que desclassificará uma das equipes: Argentina ou Uruguai. 

O Uruguai vem se destacando e é classificado pelos analistas esportivos como uma das melhores seleçoes do planeta (principalmente após a surpreendente quarta colocaçao na Copa do Mundo de 2011), o que torna a classificação argentina ainda mais arriscada, já que, como acompanhamos, a seleção começou a mostrar bom desempenho apenas no último jogo, com uma goleada de três a zero contra a Costa Rica.

Os resquícios do início da competição, no entanto, ainda pairam sob os torcedores. O medo de ver se repetir os empates suados contra a Bolívia e a Colômbia deixa os “inchas” em alerta:

 “Es riesgosa pero saludable la elección de Batista. Tras los inesperados pasos en falso ante Bolivia y Colombia, repetirá la formación que goleó a Costa Rica. Eso sí, Argentina no encontrará tantas flaquezas enfrente ni tantas libertades”. (Texto retirado da manchete esportiva do Clarín de hoje).

Clarin destaca que uma das seleçoes favoritas sera eliminada hoje

“La Argentina insinuó, decepcionó y renació en la etapa de grupos. No son los mejores cimientos para encarar la etapa crucial de la Copa América. Pero comienza otro campeonato, más atrapante y misterioso” (Texto retirado da manchete esportiva da manchete esportiva do “La Nación”).


Oé, principal diario esportivo do país, afirma que seleçao argentina tem que "voarª no jogo de hoje

Os riscos, no entanto, não afastam os torcedores do estádio, pelo contrário. Como mostraram no último jogo contra a Costa Rica, os argentinos apóiam sua seleção a toda voz.  A cidade de Santa Fé, sede da partia de hoje, já está completamente lotada para o partido que começa às 19h15. Os santefesinos - que vaiaram intensamente a seleçao durante a partida contra Colômbia - prometem lotar o estádio (desta vez para apoiar). Mais de 37 mil pessoas são esperadas na “cancha” - apenas 6 mil são uruguaias. 

O jornal “La Prensa” registrou a movimentação de milhares de torcedores na recepção da seleção argentina  que, com viagem turbulenta, chegou à cidade às 18h45 de ontem. A viagem precisou ser antecipada em 3h, por previsão de tormenta e granizo na cidade Buenos Aires. Mesmo assim, os jogadores tiveram atraso no vôo de 2 horas, chegando depois do previsto em Santa Fé.

O jogo do "tudo ou nada", afirma La Prensa
 A grande procura pelo jogo decisivo fez com que o preço das entradas decuplicasse. Os ingressos populares - que inicialmente eram vendidos a 80 pesos - estão sendo revendidos por cambistas a 800. No site oficial da Copa, as entradas se esgotaram assim que iniciaram as vendas. Mais de dois mil ingressos falsos foram detectados pela polícia, que vai aumentar a fiscalização no estádio e pede atenção aos torcedores na hora de comprar.

Para os que não conseguirem entradas, há a opção dos telões que foram instalados nas praças das principais cidades do país.

Na capital
Em Buenos Aires, a expectativa é de que milhares de pessoas se reúnam na praça San Martin – uma das mais importantes na cidade – para assistirem ao jogo. Um grande telão foi instalado desde o início do campeonato, para atrair os torcedores que não puderam comparecer aos estádios.
A equipe da Rádio Unesp Virtual acompanhará a partida junto com os milhares de torcedores na praça, mais tarde, conta como esteve a movimentação e as comemorações (ou lamentos).

Jornalista: entrevistador e entrevistado

Cristiano Pavini - Córdoba

A Copa América fez da Argentina uma casa temporária para milhares de jornalistas de todo o mundo. Apesar da predominância sul-americana (com destaque para repórteres brasileiros e argentinos), profissionais de diversos países europeus e asiáticos vieram cobrir as jogadas de Lionel Messi, Diego Forlán, Neymar e companhia.

Somente em Códoba, estavam presentes na semana passada representantes de dois veículos tailandeses, um sul-coreano e diversos japoneses. Dentre estes últimos, a Rádio Unesp Virtual teve o prazer de conhecer Taku Kudo, repórter do jornal Tokyo Chunichi Sports.

Foram alguns minutos de conversa, enquanto aguardávamos juntos na fila de espera do Comitê de Prensa por entradas para a partida do dia 11/07 entre Argentina e Costa Rica. Entre a ansiedade pela retirada dos ingressos (bem sucedida por ambos), conversamos sobre a competição.

É a primeira vez de Taku em solo latinoamericano. Manejando um "esforçado" castellano, ele confessou sua paixão pelo futebol brasileiro e garantiu que estará no Brasil para a Copa do Mundo e Olimpíadas. Afirmou que Neymar é muito conhecido no Japão, e que os japoneses estão empolgados para vê-lo jogar no Mundial de Clubes no final do ano (já que o Santos venceu a Libertadores da América).

Taku aproveitou a conversa para realizar uma rápida entrevista comigo sobre a jovem revelação brasileira. Quis saber se Neymar tem espaço no Real Madrid (segundo ele, são fortes as notícias no Oriente de que o santista será comprado pelo clube merengue até o final do ano), e ambos concordamos que ainda era cedo para um salto tão grande (ele lembrou de Robinho, cujo futebol na Espanha não passou de mera promessa).

A conversa estava boa, mas o relógio não nos favorecia. Há poucas horas do decisivo jogo entre Argentina e Costa Rica, nos despedimos e tomamos rumos que nos levaríam, por coinciência, à mesma fila de cadeiras do setor de imprensa no Estádio Mário Kempes.

Taku prometeu que estará no Brasil para a Copa do Mundo (Foto: Cristiano Pavini)


Tabelinha jornalística
A entrevista realizada por Taku com o repórter da Rádio Unesp Virtual (aliás, ficarei extremamente grato se alguém encontrar a matéria no site do Chunichi Sports) foi uma das centenas feitas por jornalistas com seus colegas de profissão nesta Copa América.

Essa cena era presenciada a todo momento na sala de imprensa em Córdoba. Sempre haviam colegas de profissão que, mediante a necessidade de pautas, intercambiavam entrevistas entre si. No jogo entre Brasil e Equador, por exemplo, um repórter equatoriano me chamou para uma entrevista ao vivo para sua rádio.

Poucos minutos após minhas declarações (em um nada convincente portunhol), o mesmo repórter estava  frente a um microfone de uma rádio brasileira, sendo questionado sobre as consequências de uma possível (depois confirmada) eliminação da seleção equatoriana.

A Rádio Unesp Virtual também não fugiu à regra. Além das entrevistas com Galvão Bueno, Mauro Naves e Casagrande, conversamos com diversos jornalistas de diferentes nacionalidades. Devido à falta de tempo  e espaço, a maior parte delas não foi publicada (com a importante ressalva de que tampouco foram descartadas).

Jornalista equatoriano Andrés Luna Montalvo em entrevista à Rádio Unesp Virtual
(Foto: Daniela Penha)