quinta-feira, 14 de julho de 2011

Zona mista: o desafio da imprensa é fora do gramado

Daniela Penha - Córdoba
Edição de vídeo: Cristiano Pavini

A zona mista é um dos principais desafios do jornalista esportivo. Depois de duas sessões de empurra-empurra, corre-corre e xinga-xinga, chegamos a essa conclusão e podemos fundamentá-la em detalhes. No nosso primeiro jogo (Brasil x Paraguai), já havíamos percebido o quanto era trabalhoso competir lugar com, mais ou menos, 100 outros jornalistas, câmeras e fotógrafos, na tentativa de arrancar alguma coisa dos jogadores, no curtíssimo caminho entre a porta do vestiário e a do ônibus. O jogo de hoje, no entanto, complementou nossas opiniões. 

Cerca de 20 minutos antes de finalizar a partida, alguns jornalistas começam a sair da tribuna de imprensa em direção a “zona de ataque”. Aos poucos, eles vão se aglomerando e começa a disputa e as reclamações. Os jornalistas afirmam, inconformados, que tem faltado organização para as zonas mistas da Copa argentina, apesar de concordarem que esse espaço é sempre problemático. No caso do estádio Mario Kempes, reclamam, com razão, que o corredor por qual passam os jogadores é muito curto o que faz com que o espaço para a imprensa seja incompatível para o número que jornalistas que participam da cobertura. 

Além do tamanho do corredor, o local onde ele está organizado também não favorece. Uma rampa de pedras muito desconfortáveis para pisar fez com que na transmissão de hoje muitos jornalistas radiofônicos (Rádio Bandeirantes, Estadão, Jovem Pan) afirmassem ao vivo: “Eu estou correndo perigo aqui. Além de apertado é perigoso porque tenho que me equilibrar em uma rampa de pedras”. Para ajudar, dois vasos decorativos colocados na porta do vestiário ocupam mais ainda do pouco espaço disponível: “Eu tenho que desviar de folhas”. “Até com vasos temos que dividir o espaço”. O que parece cômico se complica quando os jogadores começam a passar. 

Quando alguém grita “aí vem um”, todo mundo começa a se movimentar a passar o braço com microfones, celulares, gravadores e câmeras em direção ao jogador. A tarefa da barra de ferro que delimita o espaço fica quase impossível e os policiais são obrigados a segurá-las: “Sai da frente, cara! Você tá me atrapalhando!” “Tira ele daí”. É um alvoroço total. Para nós, que somos marinheiros de primeira viagem é um espetáculo de loucura. 

O trabalho todo dura cerca pouco mais de uma hora. Tempo para os jogadores saírem do campo, descansar, tomar algo e seguir rumo ao ônibus, passando pelo pedágio imprensa. A parte gratificante é que a maioria deles, na maior parte do tempo (principalmente quando fazem um bom jogo, como o do hoje), são solícitos. Alexandre Pato, por exemplo, é um dos mais assediados, porém procurar atender a todos. Hoje mesmo, já tinha entrado no ônibus, mas foi chamado de volta porque alguns jornalistas ainda não estavam satisfeitos. Retornou e atendeu a todos com a mesma paciência de antes.


Daniel Alves também é outro a receber elogios. Os jornalistas a nossa volta comentaram que ele sempre responde às perguntas, mesmo quando o jogo não é favorável para ele (como o de hoje, em que ele perdeu o posto de titular para Maicon).


André Santos também conversou com a imprensa, e afirmou que não se abala com as críticas sofridas nos últimos jogos:



O volante Lucas, também muito assediado pela imprensa, afirmou que a seleção ficou nervosa após o empate do Equador:



No fim, como em todo grande desafio, quem consegue boas gravações sai com ar de vitória e com a sensação de missão cumprida. Quem não tem essa sorte, reclama para a organização que, muito diplomática, promete que no próximo jogo o espaço será melhor (Brasil x Paraguai). Descrentes, alguns jornalistas afirmam ainda assim: “Zona mista é sempre essa mer.. Não há o que fazer”.

PS: Há de se ressaltar que na cobertura de hoje a repórter da Rádio Unesp Virtual era uma das únicas mulheres entre os (aproximadamente) 100 jornalistas. Desafio dobrado em meio a piadas, brincadeiras e um tanto de “elogios inocentes”.

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